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Em tais juízos não nos deixaremos influenciar pela contestação dos partidários do feminismo, que desejam nos impor uma total equiparação e equivalência dos sexos, mas admitiremos de bom grado que também a maioria dos homens fica muito atrás do ideal masculino e que todos os indivíduos, graças à disposição bissexual e à herança genética cruzada, reúnem em si caracteres masculinos e femininos, de modo que a masculinidade e a feminilidade puras permanecem construções teóricas de conteúdo incerto. (Freud, 1925/2011, p. 298)
A citação acima nos diz de um movimento importante na leitura da obra freudiana, tratando desses momentos em que Freud parece esbarrar na norma inscrita sobre o gênero, mas ainda lhe faltavam instrumentos críticos para sustentar um rompimento por completo, mesmo que, como ele mesmo refira diretamente, o feminismo já tencionasse a psicanálise. Hoje, nós poderíamos continuar sustentando esse posicionamento de recusa em sermos “partidários do feminismo”, porém, escolhemos uma postura ética que se interessa mais pela parte do “admitiremos de bom grado” e partimos do pressuposto de “construções teóricas de conteúdo incerto” como caminho de interesse.
Neste artigo, portanto, iremos trabalhar com a ideia de uma regra não escrita, inspirados no trabalho de Bulamah (2016, p. 153), quando diz que, em suma, uma regra não escrita é uma “regra de conduta, uma oposição silenciosa a anormalidades e desvios protagonizada inconscientemente na e pela psicanálise institucionalizada e seus agentes, visando à disciplina e à normalização dos indivíduos”…

Português

O artigo  [1], em um primeiro momento, tem por objetivo discutir historicamente o conceito de cissexismo. Em um segundo momento, visa a demonstrar como esse conceito pode se transformar em uma regra não escrita da teoria psicanalítica freudiana se o analista não estiver atento às demandas da clínica e à cultura de seu tempo. Neste artigo, justifica-se que os estudos de gênero são ferramentas clínicas de arejamento teórico para que os psicanalistas não cometam atitudes normativas, violentas e estigmatizantes na clínica.

  • cissexismo
  • gênero
  • teoria psicanalítica
  • dispositivos clínicos
Français

Le cissexisme comme norme non écrite de la psychanalyse (ou : à quoi bon le genre pour la clinique ?)

L’article, dans un premier temps, vise à discuter historiquement le concept de cissexisme. Dans un second temps, il vise à montrer comment ce concept peut devenir une règle non écrite de la théorie psychanalytique freudienne si l’analyste n’est pas conscient des exigences de la clinique et de la culture de son temps. Dans cet article, il est justifié que les études de genre soient des outils cliniques de diffusion théorique afin que les psychanalystes ne commettent pas d’attitudes normatives, violentes et stigmatisantes en clinique.

  • cissexisme
  • le genre
  • théorie psychanalytique
  • dispositifs cliniques
English

Cissexism as a Non-Written Rule for Psychoanalysis (Or: What is Gender for the Clinical Field?)

The article, in a first moment, aims to historically discuss the concept of cissexism. Secondly, it aims to demonstrate how this concept can become an unwritten rule of Freudian psychoanalytic theory if the analyst is not attentive to the demands of the clinic and culture of his time. In this article, it is justified that gender studies are clinical tools of theoretical divulgation so that psychoanalysts do not adopt normative, violent and stigmatizing attitudes in their clinical practice.

  • cissexism
  • gender
  • psychoanalytic theory
  • clinical devices
Español

El cissexismo como norma no escrita del psicoanálisis (o: ¿qué es el género para la clínica?)

El artículo, inicialmente, tiene como objetivo discutir históricamente el concepto de cissexismo. En segundo lugar, tiene como objetivo demostrar cómo este concepto puede convertirse en una regla no escrita de la teoría psicoanalítica freudiana si el analista no es consciente de las demandas de la clínica y la cultura de su tiempo. En este artículo, se justifica que los estudios de género sean herramientas clínicas de ventilación teórica para que los psicoanalistas no cometan actitudes normativas, violentas y estigmatizantes en la clínica.

  • cissexismo
  • género
  • teoría psicoanalítica
  • dispositivos clínicos
José Stona
Psicólogo. Psicanalista. Doutorando em Psicologia no Programa de Pós-Graduação em Psicologia (Universidade Federal de Sergipe). Mestre em Psicanálise: Clínica e Cultura (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
Coautor do livro O Cis no Divã (2021). Organizador dos livros Relações de Gênero e Escutas Clínicas (2021), Remonta: a escuta clínica da população LGBTTQIAP+ (2022) et Relações de Gênero e Escutas Clínica, vol. 2 (2022).
Universidade Federal de Sergipe – Programa de Pós-Graduação em Psicologia Cidade Universitária Prof. José Aloísio de Campos – Av. Marechal Rondon, s/n Jardim Rosa Elze – São Cristóvão/SE CEP 49100-000 – Brasil
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Subido a Cairn Mundo el 25/08/2022
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